quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Turismo? O futuro é agora!

Ao desembarcar no aeroporto de Orly, em Paris, o turista liga o iPhone e confere, no display, a direção que deve tomar para chegar ao hotel – o delicioso dois estrelas plantado no coração do Champs-Élysées. Malas depostas, é hora de cumprir a primeira escala do roteiro de viagem, 100% desenhado e inserido no sistema do aparelho pelo agente de viagens. Primeiro, o Marche Aux Puces, ou Mercado das Pulgas, o maior aglomerado de brechós do mundo, em Clignancourt, extremo Norte da cidade-luz. Très chique...


Depois, a esticada até o Arco do Triunfo e, em seguida, a indispensável visita ao Louvre. No passeio, lá vai o iPhone clicando tudo e publicando no blog que o turista criou, especialmente para registrar os lances da viagem em tempo real. De volta ao hotel, o turista confere: a foto dele passeando pelos Champs-Élysées, e seus amigos e parentes podem acompanhar tudo ao mesmo tempo de onde estiverem.

Também já está lá, em todos as mídias sociais que ele frequenta: Orkut, Twitter, YouToube, MySpace, Facebook... Com os comentários da família e da namorada. Encantado, ele pensa na possibilidade de percorrer a França, de ponta a ponta. De carro. Entra no site de uma agência local, especializada em turismo rodoviário e, ao se identificar como brasileiro, uma ferramenta, atrás da cortina tecnológica, vai traduzindo para o Português aquilo que lhe diz, em irremovível Francês, o operador do chat. Em meia hora, está pronto o roteiro que, por terras francesas, o levará até a fronteira com a Itália. Imagine que isso serve também para uma trilha nas montanhas de uma ilha Havaiana ou até o melhor roteiro dentro de um Parque da Disney. Já existe mais de 200 mil roteiros gravados online.

Simples assim. Rápido assim. Se você gosta ou não dessa... “invasão de privacidade”, previna-se, porque quem deixar a porta aberta será visitado.

E nada disso é cena de cinema, não, senhores! Pelo contrário. No turismo, a ficção científica já está devendo à realidade. Os super-heróis, muitos deles, vestem paletó e gravata e, nas empresas tem a missão de monitorar as mídias sociais e as revelações que elas trazem, sobre pessoas e marcas. Olhos e ouvidos de ver e de ouvir. Muito bem pagos!

Quem visitou a PhocusWright Conference – Tecnologia para Turismo, que se realizou no segundo semestre do ano passado, na cidade de Orlando, Estados Unidos, sabe do que é que estamos falando. Quem lá esteve pôde ouvir a advertência, explícita e subliminar, que o evento nos fez a todos: o agente de viagens ou operador que não evoluir é sério candidato a ficar sem papel na cena deste mercado.

E dizer isso é dizer mais do que o óbvio. É dizer que precisamos aprender a ir além do papel de meros vendedores de passagens e vauchers, para assumir a condição de consultores de viagem. Um conceito que encerra, para começar, a entrega ao cliente da informação mais completa possível – sobre as condições da viagem dos sonhos dele: que companhia aérea escolher, que tarifa, que hotel, que pacote, que roteiro. Tudo de acordo com o perfil socioeconômico e cultural que ele apresenta. Um esforço hercúleo, ante a velocidade com a qual se cria e se faz circular a informação, para quem não se atualizar tecnologicamente.

Em resumo, a tendência segundo nos apontou a PhocusWright Conference – Tecnologia para Turismo é o agente de viagens, on/off-line, se transformar num provedor de conteúdo. No futuro que já chegou, o agente de viagens vai embalar em programas de computador dotados de recursos de inteligência artificial todos os serviços que o cliente demanda – das reservas ao aluguel de carros, passando pelo planejamento dos roteiros até à publicação, na Internet, das fotos e vídeos que documentam a viagem.

Não há para onde correr: os sites, reeditados, livres do lixo, serão todos dotados de parrudas e poderosas ferramentas de busca. 100% a serviço dos clientes. Hoje, cada uma delas tem fôlego para pesquisar e avaliar mais de 200 parâmetros, antes de apresentar o resultado. Sem dúvida alguma, são a prioridade em termos de investimento em turismo.

Enfim, conteúdo inteligente! Eis as palavras-chave! E é a bordo desse conceito que estão vindo para a briga empresas como PriceLine.com, valendo US$ 9 bilhões na Bolsa de Nova York, Booking.com, Expedia e Travelocity, para citar as que já brilham em néon.

Em três dias inteiros de conferência de formato superinteressante, o primeiro evento, “The Travel Innovation Summit”, reuniu profissionais do mundo inteiro, interessados em provar as soluções apresentadas por um total de 34 empresas especializadas em tecnologia para turismo. O segundo dia trouxe 16 workshops. Grande interesse despertaram aquele que alerta os usuários para os perigos da fraude eletrônica e aponta formas de evitá-la nas operações de compra on-line; o que ensinou como explorar, no negócio das viagens, a mídia social; e, finalmente, o que tratou da inteligência dos sites, para efetivo apoio aos nossos negócios. Daqui a pouco, foi o que se previu, qualquer hoteleiro vai dispor de vídeo de até 3:30 minutos com script pronto e acabado na Internet. O contrário será nadar contra a correnteza e se afogar: o Youtube já conta mais de 450 milhões de viewers, número que aumenta geometricamente ano a ano. Ferramentas de busca merecem, portanto, especial atenção, concordam os CEOs da TripIt, Triporati, Yapta, Getaroom, Orbitz e Travelocity.

No último dia, os donos da tecnologia vieram dizer que eles têm, sim, as soluções que, hoje, repetimos, a ficção perder para a realidade. Lá estavam Trip Advisor, Amadeus, Lonely Planet, Frommer´s, Viator, Travelport, Yahoo Travel, TvTrip, Harrah´s, TravelZoo, CheapFlights, Fly.com, Bing Travel, Kayak, Priceline e Expedia.

Marco Ferraz, diretor da Monark Turismo e da Braztoa, esteve na PhocusWright Conference – Tecnologia para Turismo na qualidade de convidado da Travelport.